Valor do dólar, tarifa dos combustíveis e escassez de matéria prima podem estar por trás do reajuste do preço do vidro previsto para este ano.
Conforme consta, a Cebrace informou que os preços do vidro seriam reajustados a partir de janeiro de 2022. O novo preço pode variar de 08% a 16% segundo os novos índices. Esse será o primeiro reajuste do ano, porém o preço do vidro sofreu diversos reajustes nos últimos dois anos, de modo que a pandemia está diretamente ligada a esse fator, pois causou queda na produção e reciclagem do vidro, diminuição da oferta e, consequentemente, aumento dos preços.
Entretanto, existem outros fatores que auxiliam a explicar o motivo desses reajustes seguidos. Todos sabemos que o preço dos combustíveis está nas alturas, de modo que em algumas regiões, inclusive, já foi registrado dificuldades no abastecimento. Paralelamente a isso precisamos considerar o valor do dólar, que apesar de oscilar, nos últimos anos se manteve em alta e pode ser considerado, também, como um dos responsáveis pelo aumento do preço do produto, pois dois dos insumos mais utilizados na produção do vidro (barrilha e gás natural) são cotados em dólar.
Em contrapartida o Brasil registrou um aumento das exportações do vidro, cenário que acelerou a escassez do produto. Para entender melhor como isso interfere no preço do vidro, considere os princípios básicos da economia moderna onde a oferta costuma ser um dos fatores mais relevantes, de modo que se existe poucos exemplares de um produto no mercado, naturalmente seu preço será elevado. A isso juntamos o fato de o vidro ser um elemento essencial em nossa sociedade e acessível à todas as faixas econômicas.
No mercado, na maioria dos casos, o preço final de um produto não é determinado por apenas um fator, mas sim, por uma série de fatores. Portanto, quando combinamos todas essas condições acima descritas conseguimos entender os reajustes seguidos no preço do produto como ocorreram nos últimos dois anos. Para se ter uma ideia, no ano de 2021 foram registrados 03 reajustes, sendo o primeiro em março (15% a 20%), o segundo em maio (14%) e o terceiro em setembro (10% a 16%).
Como o mercado reagiu?
Conforme apurado pelo periódico Jornal do Vidro, algumas empresas de manuseio do vidro já foram informados do reajuste através de um documento da Cebrace via e-commerce, apesar de os representantes afirmarem que um posicionamento oficial por partes das usinas fabricantes de vidro ainda não ter chego até eles, gerando diversos debates nas redes sociais. Ao manterem contato com a Cebrace, maior produtora de vidro plano do Brasil, receberam a resposta de que a empresa não comenta sobre políticas de preços por uma questão de compliance.
Da mesma forma, a Guardian Glass, uma das maiores produtoras de vidro do mundo, repassou que não farão comentários sobre esse assunto. Já a Vivix Vidros Plano, uma fábrica moderna de vidros reconhecida mundialmente, através de seus representantes afirmou que o repasse do reajuste do vidro para o ano de 2022 ainda não foi definido. A AGC Vidros, multinacional considerada líder na produção de vidros planos não deu posicionamento sobre o assunto.
Com essa instabilidade do mercado, aos vidraceiros resta se prevenir. Cuidado ao repassar orçamentos muito longos (para não ser surpreendido com outro aumento), se planeje para manter um estoque grande e atualizado e, para os acordos já fechados (com valores de 2021), resta ser transparente e encontrar a melhor negociação com o cliente.
