Estivemos presentes na Exposição Além do Infinito, que se encerrou no último dia 05 de maio. Uma das principais atrações da grade de comemoração do primeiro aniversário do Farol Santander – popular Prédio do Banespa – a exposição Além do Infinito conta com uma obra inédita da renomada artista visual brasileira Regina Silveira (Up There) e a mostra Beyond Infinity, do francês Serge Salat.
Em 25/01/18 inaugurava-se o Farol Santander, um local idealizado para expor mostras de artes dos mais variados tipos e artistas. Considerado como um centro de cultura, lazer e empreendedorismo, o prédio é um dos principais pontos turísticos paulistano. Não por acaso, antes de completar seu primeiro aniversário o Farol Santander já havia recebido a visita de mais de 300 mil pessoas e 05 exposições de arte diferentes.
Para comemorar esse sucesso estrondoso o Farol Santander resolveu mergulhar seu público na exposição Além do Infinito, uma experiência única de arte imersiva, possibilitando que os visitantes experimentem sensações singulares em um ambiente especial. A arte imersiva leva os apreciadores a conhecer novos lugares e pessoas, fazendo-as sentirem-se parte de uma história ou ficção.
A título de curiosidade, um dos primeiros dispositivos de ambiente imersivo vem do final do século XVIII, tratava-se de um panorama arquitetônico complexo composto por uma imagem e uma estrutura especialmente pensada para introduzir (imergir) um sujeito em um espaço simulado.
No Farol Santander, os andares 22 e 23 se transformaram um em ambiente imersivo com a obra inédita Up There, de Regina Silveira, artista visual brasileira e reconhecida internacionalmente; e a mostra multissensorial do artista francês Serge Salat, denominada Beyond Infinity.
Up There é considerada uma obra cinemática que faz uma intervenção com a arquitetura do ambiente onde está instalada, ocupando paredes e janelas com projeções de nuvens e planetas feitos com pedra. A obra consegue introduzir o apreciador em uma jornada virtual de apenas três minutos dentro de uma espécie de elevador cósmico que transita entre a Terra e o espaço sideral.
“É um percurso curto. Era a resposta possível à situação espacial do edifício: um lugar estreito para olhar o céu. Não é uma fuga. É uma forma de pensar iconicamente sobre o tempo”, diz a idealizadora da obra, Regina Silveira.
A viagem de Up There começa na altura de um grupo de corpos celestiais virtuais e desce até o topo das nuvens – em alusão à atmosfera terrestre – mantendo esse percurso ciclicamente. A intenção é sugerir que é possível realizar uma viagem infinita no chão da própria sala ao transformar o local em um ambiente imersivo.
A trilha sonora do pianista Rogério Rochlitz completa o trajeto virtual entre o espaço sideral e a atmosfera terrestre. Durante os três minutos de viagem era possível sentir que, em determinado momento, o som parecia ‘engolir’ o visitante. A sensação durava pouco, mas era perceptiva e o suficiente para causar estranheza no público.
Geralmente, Regina Silveira utiliza as fotografias e os desenhos para exercerem papéis fundamentais em seus projetos. Com a utilização de diversas formas de imagens a artista cria instalações que se apoiam no desenho como ponto de partida.
“O desenho sempre foi um diálogo, uma intermediação para outro suporte. É um modo de visualizar as minhas ideias”, afirma. “O principal é o conceito, o que você vai elaborar. O resto vem a reboque”, completa a artista visual.
Dentre centenas de eventos e bienais no currículo, é possível destacar sua participação nas Bienais de São Paulo em 1983 e 1998, na Bienal do Mercosul (2001 e 2011) e na VI Bienal de Taipei, do ano de 2006; também esteve presente nas mostras Brazil: Body and Soul, instalada no Guggenheim Museum em New York (2001); Philagrafika, em 2010, na Philadelphia e Mediations Biennale, na Polônia (Poznan) em 2012.
Além do mais, Regina Silveira já recebeu prêmios da Fundação Bunge Prêmio nas Artes em 2009, o Grande Prêmio da Crítica, fruto do trabalho Tramazul, instalado no MASP entre 2010 e 2011, oferecido pela APCA (Associação dos Críticos de arte de São Paulo) em 2011.
Completando a exposição Além do Infinito, no 23º andar do Farol Santander foi instalada a exposição multissensorial Beyond Infinity, do artista francês Serge Salat. Vale lembrar que uma instalação multissensorial consegue interagir com os sentidos humanos, como a visão, audição, tato, olfato e paladar, causando sensações únicas.
O artista utilizou a arquitetura do ambiente para, em conjunto com espelhos, luzes, música, formas geométricas e arte fractal, propor uma viagem cinematográfica complexa onde os observadores possam mergulhar nos espaços infinitos criados no ambiente, de maneira física e simbolicamente.
A mostra Beyond Infinity já visitou países como França e China e explora ideias singulares em espaços surreais e visualmente infinitos. O objetivo é aprofundar o visitante cada vez mais em estruturas de sonhos hospedados em outros sonhos; realmente, é uma experiência única, pois os espelhos são capazes de interagir com os ambientes de maneira singular.
A estreia da instalação Beyond Infinity ocorreu em Xangai, no ano de 2011, percorrendo outras cidades chinesas posteriormente. No Brasil a mostra ocupa todo o andar do prédio e utiliza 550 peças de espelhos suficientes para cobrir as paredes, chão e teto do ambiente. Com a estrutura totalmente envolvida de espelhos, a sensação ao entrar no ambiente é a de imergir em uma dimensão paralela.
Para ser acomodada no Farol Santander a mostra precisou ser adaptada. Foram criadas salas retangulares separadas por um espaço de concreto do próprio prédio, nas quais foram instaladas estruturas de alumínio – semelhantes às colmeias – também revestidas de espelhos.
Além disso, o jogo de luzes colabora para o sucesso da obra. Luzes amarelas, azuis, verdes e brancas refletem nas superfícies espelhadas e conseguem simbolizar as cores do céu, da noite, do por do sol. A união de todos esses elementos cria a sensação de estar em uma dimensão infinita, como se as salas não possuíssem limitações. Músicas clássicas completam a viagem multissensorial da exposição.
Durante uma entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo, Serge Salat comenta sobre a inspiração de sua obra. “A instalação, na verdade, é sobre o espaço sagrado, uma viagem no tempo e no espaço para se chegar ao mundo divino”, relata Salat. O trabalho de Salat foi uma das inspirações visuais para o filme Inception.
A exposição Além do Infinito foi apresentada através do Ministério da Cultura – Lei Rouanet, com patrocínio da marca Santander. Facundo Guerra assinou a direção artística e Angela Magdalena (Madai) foi a responsável pela direção de produção, com produção executiva de Julia Brandão e coordenação da Storymakers.
Vale a pena ficar atento à programação do Farol Santander. Na ‘Arena do 08’ (8º andar do prédio) são realizadas discussões de empreendedorismo. Por lá já passaram mais de 50 palestrantes no último ano, inclusive o arquiteto italiano Carlo Ratti, desenvolvedor da ideia de cidades sensíveis e referência no estudo de cidades inteligentes (smart cities), conceito que busca harmonizar os avanços tecnológicos com a humanização das metrópoles.
O Farol Santander está situado na Rua João Brícola, nº 24 (entrada pelo número 32) e funciona de terça a sábado, das 09h às 20h e aos domingos, das 09h às 19h.